Ensaios 21 - Política e Atualidades

Em meu último post, fiz referência à "tendência fascista que a passos largos se apossa do país". Houve quem me questionasse, pedindo uma mais elaborada análise. Daí a criação, para alguma ousadia na área de Política e Atualidades, do blog Ensaios 21 (http://ensaios-21.blogspot.com). Fica aqui meu convite e meu agradecimento pela visita.

O Quarto Elemento



O Brasil, estranho continente fincado à força na América, padece de muitos males; todos em grau superlativo: Educação, Saúde, Segurança Pública, Transportes, Infraestrutura. Dentre esses, considerada primeiramente a tendência “fascista” que a passos largos se apossa do país, a Educação precisa ser urgentemente equacionada. 
A violência nas escolas, em seus múltiplos aspectos, revela tão-somente um ângulo da complexa estrutura.
Uma breve desconstrução do processo nas escolas públicas: professores desmotivados e, no mais das vezes, sem convicção quanto às finalidades pedagógicas; alunos oriundos de comunidades marginais, onde a violência da miséria determina o rumo de suas vidas; servidores, não raramente terceirizados, sem o mínimo preparo para o lugar que ocupam; pais absolutamente desorientados. 
Apenas que não se trata aqui da pura desconstrução, sujeita aos rigores críticos de vazio epistemológico, como denunciado foi muitas vezes Jacques Derrida. 
Uma primeira proposta – e retomo, por promessa, o post Das causas e contracausas da decadência da escola – é a da imediata mudança de atitude desta em relação àqueles que representam o quarto elemento da comunidade escolar, qual seja, depois de professores, alunos e gestores, os pais. 
Uma estreita e harmoniosa relação entre a escola pública e os pais pressupõe o desenvolvimento de novas ferramentas de aproximação e encantamento; algo além das reuniões, pontuais ou esporádicas, feitas sempre com objetivos imaculadamente técnicos, voltados mais a uma “prestação de contas” do comportamento e do desempenho do aluno e que não foge à habitual superficialidade. 
Mas quais são essas ferramentas? As idéias são muitas. Sugiro, por ora, três: 
Uma: criação, via grupo de trabalho institucional, de canal permanente com os pais, para que os mesmos estejam constantemente informados da rotina escolar – e tal canal deverá utilizar as diversas mídias disponíveis, sem informatofobias ou informatolatrias. 
Duas: concretização, sem subterfúgios ou manobras evasivas, do dispositivo legal que dispensa aos pais vagas no Conselho Escolar. 
Três: elaboração, com o coletivo de pais, de plano de trabalho anual para pais com disponibilidade de tempo, em regime de voluntariado. 
Os resultados esperados? Pais comprometidos com a escola (e com a educação) de seus filhos; alunos estimulados pela refundação do espaço tão essencial às suas vidas, com melhor auto-estima; professores menos tensos – pela esperada diminuição dos índices de violência – e mais dispostos pelo ambiente propiciado. 
A escola, como lugar privilegiado de desenvolvimento da criança e do adolescente, necessita urgente derrubar os altos e densos muros com que parece se proteger da comunidade de seu entorno. A presença dos pais, com suas complexas peculiaridades, pode ser o passo necessário para que a profunda revolução aconteça.